Reprodutibilidade e validade de medidas

Estudos de validade

Os estudos de validade pretendem medir o impacto dos erros (sistemáticos) de validade introduzidos e recorrem a amostras onde são feitos os dois procedimentos, o que se pretende testar e o de referência, que está já validado (gold standard).
Um dos grandes problemas deste tipo de estudo é exactamente o facto de, por vezes, não existir um gold standard, usando-se, nestes casos, o melhor procedimento disponível como procedimento de referência.
Uma medida é válida se provém de um procedimento válido ou seja se mede aquilo que era suposto medir.
É importante verificar que um procedimento não reprodutível não pode ser válido, desta forma não faz sentido fazer um teste de validade a um procedimento não reprodutível.

Consequências da falta de validade:

Também a falta de validade nas medidas pode levar a importantes consequências a nível científico, clínico e médico-legal.
Consequências a nível científico:
A validade é especialmente importante em estudos onde se pretendem estimar parâmetros. Usando por exemplo uma balança que pesa sistematicamente mais 10 kg do que o verdadeiro peso do indivíduo, num estudo que pretende estimar o peso médio da população Portuguesa vamos obter um resultado enviesado. Já num estudo que pretenda testar se os homens Portugueses adultos são em média mais ou menos pesados que as mulheres, e se as medidas obtidas pela balança forem reprodutíveis, então a sua falta de validade não terá consequências tão graves na conclusão do estudo.
Consequências a nível clínico:
A utilização de meios não validos pode levar a conclusões erradas e consequentes procedimentos prejudiciais.
Por exemplo, se um aparelho automático de medição da pressão arterial não válido medir sistematicamente um valor de pressão arterial superior ao verdadeiro, poderá levar o médico à prescrição de medicamentos anti-hipertensores não indicados para o paciente em causa.
Consequências a nível médico legal:
Também a nível legal pode não ser feita justiça se os processos médico-legais se basearem em peritagens não válidas.

Como melhorar procedimentos não válidos:

Por vezes é possível melhorar procedimento não válidos. Seguem-se alguns exemplos de formas de melhorar a validade.
Treino do observador:
Tal como no caso da falta de reprodutibilidade o treino do observador pode aumentar a validade de um procedimento. Por exemplo, um observador pouco experiente pode cometer um erro que o leve a obter resultados sistematicamente mais baixos.
Normas:
Também a falta de normas simples e objectivas podem ser uma causa da falta de validade de um procedimento. Da mesma forma, por não estar definida uma norma simples de utilização de um aparelho pode levar a uma medida sistematicamente diferente da real (mais alta ou mais baixa).
Automatização:
Também a automatização ou informatização dos procedimentos pode aumentar a sua validade.
Por exemplo, o observador podem ter a tendência para exagerar na leitura dos resultados obtendo sistematicamente resultados mais graves o que pode ser ultrapassado pela leitura computorizada.
Ocultamento:
Por vezes a falta de validade na obtenção de algumas medidas está relacionada com a sugestão do observador. Por exemplo, quando num ensaio clínico o investigador encontra sistematicamente resultados mais graves em pacientes sujeitos a um placebo e menos graves nos pacientes que testam um novo medicamento. Neste caso, o facto de se ocultar do investigador a proveniência (grupo de controlo ou grupo experimental) do indivíduo pode aumentar a validade dos resultados.