Tipos de questionários:
Auto resposta (via correio)Construção de questionários:
A maior parte das pessoas associa um questionário ao questionário via correio. Já quase todos nós recebemos, pelo menos uma vez, um questionário por correio.
Este tipo de questionário tem muitas vantagens, pois pode ser enviado a um grande número de pessoas, de uma forma não muito dispendiosa e a pessoa que responde pode fazê-lo quando lhe for mais conveniente. Contudo, os questionários enviados via correio têm, também, as suas desvantagens, uma delas é a baixa taxa de resposta que são obtidas, este tipo de questionários também não é o melhor veículo para perguntas que exigem respostas muito detalhadas.Auto resposta (em grupo)
Um grupo de pessoas são reunidas e as perguntas são-lhes feitas em simultâneo, contudo, cada pessoa responde individualmente ao seu questionário. Os grupos são reunidos consoante algum critério de conveniência (aqueles que estão presentes e que muito provavelmente vão ter uma boa taxa de resposta). Se as pessoas que estão a ser questionadas não entenderem o significado de alguma pergunta podem pedir ajuda ou esclarecer o propósito do estudo. Este tipo de questionário é, muitas vezes, usado em empresas ou escolas.Auto resposta (porta a porta)
Este tipo de questionário é menos habitual. O investigador, neste caso, desloca-se a casa ou ao emprego dos questionados, entrega e explica o questionário e depois volta para recebe-lo ou pede que o devolvam por correio. Este tipo de questionário tem a vantagem de poder ser feito quando é mais conveniente ao questionado tal como nos questionários via correio e tem a vantagem de ser possível um contacto com o investigador com o fim de esclarecer dúvidas na interpretação das respostas ou no objectivo do estudo. A grande desvantagem deste tipo de questionários são os custos financeiros associados.Entrevista (pessoal)
Através de uma entrevista, o investigador preenche o questionário com as respostas às perguntas que vai fazendo ao questionado. Há um contacto pessoal e directo entre o investigador e o questionado. Ao contrario dos outros tipos de questionário, o entrevistador tem a oportunidade de se certificar que o questionado quer dizer é mesmo o que disse. As entrevistas facilitam, também, as respostas a perguntas que pedem opiniões.
O questionário por entrevista consome muito tempo e, consequentemente, é muito dispendioso
O entrevistador é considerado parte do instrumento de recolha de dados e precisa de um treino prévio para aprender a conduzir uma entrevista e como ultrapassar as dificuldade.Entrevista (telefónica)
Este tipo de entrevista possibilita ao investigado ter a informação rapidamente. Tal como as entrevistas pessoais, este tipo de entrevistas possibilita ao investigador o contacto pessoal e directo com o questionado, desta forma, facilitam as respostas a perguntas que pedem opiniões, a questões de folow up e dão ao entrevistador a oportunidade de se certificar que o que o questionado respondeu era exactamente aquilo que queria dizer.
Contudo, também têm desvantagens. Muita gente não gosta que lhe telefonem para casa, outras não têm telefone que conste nas listas telefónicas. Este tipo de entrevistas não podem ser muito compridas.
Construir um questionário é uma arte. Há inumeras decisões que têm que ser tomadas, decisões relacionadas com a linguagem, com o formato e com o tipo de questão. Estas decisões podem ter consequências muito importantes para o estudo e podem até compromete-lo. Não há uma forma perfeita de fazer um questionário, contudo, há uma série de conselhos que podem ajudar a obter um produto final melhor.
Problemas de linguagem
A linguagem deve ser clara e objectiva. Por exemplo, a questão "Quanto costuma beber?" não é clara nem objectiva, pois não diz a que tipo de bebida se refere e se a resposta fosse, por exemplo, 3 ficaríamos sem saber se a pessoa em questão bebia 3 copos por mês ou 3 garrafões por dia. Uma alternativa seria "Quantos copos de vinho bebe, em média, por dia?"
A linguagem deve ser simples, evitando perguntas longas, com palavras difíceis ou de estrutura gramatical complexa. Por exemplo, a pergunta "Tem casos de trissomia 21 na família?" poderia ser substituída por "Tem casos de mongolismo na família?", pois a palavra mongolismo é mais comum e fácil de entender que trissomia 21.
A linguagem deve também ser neutra, de forma a que não influencie o questionado. Por exemplo a pergunta "Concorda que as futuras mães possam matar os bebés quando eles ainda estão dentro da sua barriga até à 7ª semana de gravidez?" não é neutra e influencia o questionado a responder negativamente. Uma alternativa a esta pergunta seria "Concorda com a interrupção voluntária da gravidez até à 7ª semana?"
A unicidade é uma questão de linguagem que, também, deve ser levada em conta. Por exemplo, a pergunta "Alguma vez teve tonturas e dores de cabeça ao acordar?" A resposta a esta pergunta pode ser mais complexa do que sim ou não, pois, pode já ter tido apenas uma das situações, desta forma a resposta pode ser duvidosa se o questionado não especificar, exactamente, a que se refere. A pergunta anterior deveria ser dividida em duas: "Alguma vez teve tonturas ao acordar?" e "Alguma vez teve dores de cabeça ao acordar?", assim, não haverá dúvidas ao interpretar a resposta.
A linguagem
deve ser temporal, estabelecendo, claramente, o período a
que se refere. Por exemplo, à pergunta "Ultimamente tem tido
dores de cabeça?" duas pessoas que tiveram dores de cabeça
no mês passado, podem responder sim e não consoante o seu
conceito de "ultimamente". Sendo assim, a pergunta poderia ser substituída
por "Nos últimos 3 meses tem tido dores de cabeça?".
Problemas
de formato
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Um questionário
deve sempre começar com uma introdução que
deve descrever os seus objectivos e o uso que vai ser dado à informação.
O questionado tem o direito de saber porque está a responder às
perguntas e o que vai ser feito com a informação que está
a dar.
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Tipos de Questão
A escolha do tipo de questão a usar deve ser apropriada. As questões de resposta aberta, isto é, respostas pelas palavras do inquirido, tem algumas vantagens, pois estimulam o pensamento livre, ajudam a clarificar posições e são mesmo indespensáveis para estudos explanatórios, como por exemplo o desenvolvimento de novas questões de resposta fechada para futuros estudos. Porém, para responder a este tipo de questões, é necessário encontrar e organizar os termos necessários o que pode tornar a resposta mais complicada, podem ser dadas respostas incompletas ou mesmo irrelevantes. Este tipo de questões tornam também mais complicada análise estatística.
As questões de resposta fechada, isto é, o questionado assinala a opção que pretende responder dentro de uma possível lista de respostas, facilitam a resposta ao questionado assim como a codificação e análise, porém limitam as possibilidades de resposta correndo o risco de omitir respostas importantes. Neste tipo de questão, as respostas potenciais devem ser exaustivas e mutuamente exclusivas.
Escalas
e codificação.
As respostas devem ser codificadas com vista à sua análise.
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Para variáveis nominais o código apenas substitui a resposta, os números associados a cada resposta não têm nenhum significado, a não ser substituir a resposta por extenso. Na questão I, por exemplo, 1 tanto pode corresponder a "Medicina", 2 a "Medicina Dentária" e 3 a "Ciências da nutrição", como também pode 1 corresponder a "Medicina Dentária", 2 a "Ciências da nutrição" e 3 a "Medicina". As respostas não obedecem a nenhuma ordem. | ||||||||||||||||||||||||
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Para variáveis ordinais o código tem um significado inerente que reflecte uma ordem. A questão II pode ser codificada da seguinte forma 1="nenhum", 2="1 ou 2 anos" e 3="mais de 2 anos". Cada número de 1 a 3 reflecte um grau diferente insucesso no ensino secundário. | ||||||||||||||||||||||||
Muitas
vezes, a resposta a uma questão é dada numa escala que tenta
medir uma característica abstracta. As escalas deste tipo mais usadas
são as escalas de Likert (sumativas) e escalas de Guttman (cumulativas).
III. Assinele com uma cruz a resposta que mais se aproxima da sua opinião:
Escalas de Likert: são, geralmente, usadas para quantificar uma opinião ou atitude. Por exemplo, na questão III para avaliação da utilidade do computador na Medicina, é pedido a quem responde ao inquérito que assinale a resposta que mais se aproxima da sua opinião usando uma escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). O investigador pode obter a pontuação geral desta pergunta sumando as pontuações de cada alinea. |
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Escalas de Guttman: contêm uma série de opções de resposta que expressam um crescimento de intensidade de uma determinada característica. Na questão IV é pedido a quem responde que assinale todas as frases com que concorda. Idealmente, as respostas devem ser consistentes, por exemplo, se uma pessoa concorda com a segunda opção, necessariamente, tem que concordar com a primeira. Se as respostas forem consistentes o grau de concordância da pessoa que respondeu será o número de frases assinaladas. |
Algumas respostas podem influenciar a resposta á pergunta seguinte obrigando, ao uso de questões de filtro (exemplo: Se respondeu não à pergunta 1 passe para a pergunta 3). As questões deste tipo podem tornar-se muito complexas, portanto, devem explicar muito claramente e de uma forma intuitiva que perguntas não devem ser respondidas e em que circunstâncias.
Fases de desenho de questionários
elaborar uma lista de variáveis
consultar questionário previamente testados
preparar o questionário
testar o questionário
fazer a versão final do questionário
pré-codificar